PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

100 anos da morte de Augusto dos Anjos - Nossa homenagem


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Engenho Pau d’Arco/PB, 1884 – Leopoldina/MG, 1914) estudou na Faculdade de Direito do Recife (1903-7) onde teve contato com o trabalho A poesia científica, de seu professor Martins Junior. Não advogava; lecionava Português. Casou-se em 1910, com Ester Fialho. Depois de trabalhar alguns anos no Rio de Janeiro, em 1913 mudou-se para Leopoldina, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares.

Seu único livro, Eu, publicado em 1912 e inicialmente ignorado pelo público e pela crítica, a partir de 1919 foi constantemente reeditado, já como Eu e outras poesias. A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos são traços linguísticos formais que se articulam ao vocabulário extraído da área científica. Morte dos sonhos, solidão e pessimismo são algumas marcas linguísticas semânticas na poesia de Augusto dos Anjos. O mais explicitamente social de todos os poemas de Augusto dos Anjos, Numa forja, mostra o interior de uma indústria e seu ambiente de trabalho insalubre.

Luciana Martins Arruda
Luiz Paixão Lima Borges
 
 

NUMA FORJA

Augusto dos Anjos

De inexplicáveis ânsias prisioneiro
Hoje entrei numa forja, ao meio-dia.
Trinta e seis graus à sombra. O éter possuía
A térmica violência de um braseiro.
Dentro, a cuspir escórias
De fúlgida limalha
Dardejando centelhas transitórias,
No horror da metalúrgica batalha
O ferro chiava e ria!

Ria, num sardonismo doloroso
De ingênita amargura,
Da qual, bruta, provinha
Como de um negro cáspio de água impura
A multissecular desesperança
De sua espécie abjeta
Condenada a uma estática mesquinha!

Ria com essa metálica tristeza
De ser na Natureza,
Onde a Matéria avança
E a Substância caminha
Aceleradamente para o gozo
Da integração completa,
Uma consciência eternamente obscura!

O ferro continuava a chiar e a rir.
E eu nervoso, irritado,
Quase com febre, a ouvir
Cada átomo de ferro
Contra a incude esmagado
Sofrer, berrar, tinir.
(...)
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