Engajar os alunos na leitura
sobre ciências é um desafio para professores dos primeiros anos escolares. Por
outro lado, crianças e adolescentes costumam apreciar e dedicar seu tempo à
leitura de gêneros lúdicos como as histórias em quadrinhos (HQs). Com base
nessas impressões, a educadora Adriana Araújo Dutra Rodrigues, da Faculdade de
Educação (FaE), desenvolveu estudo sobre a viabilidade de ensinar ciência
lançando mão de HQs na sala de aula em lugar dos textos científicos
convencionais.
"Procurei averiguar se a
HQ predispõe o aluno ao aprendizado e se sua linguagem permeia o ensino a ponto
de ser relembrada mais tarde, em contexto avaliativo", afirma a autora da
dissertação O impacto da linguagem dos quadrinhos no ensino de ciências,
defendida no Programa de Pós-graduação em Educação da FaE.
Uma turma de primeiro ano do
ensino médio, da qual Adriana havia sido professora em 2014, foi escolhida para
participar da investigação. Produzida pela própria pesquisadora, uma HQ que
trata do conceito de densidade foi usada no trabalho, que se deu em três
momentos e foi registrado em vídeo. Conforme o enredo da HQ em questão, a
mensuração da densidade foi necessária para identificar o material de que um
objeto é feito.
"A princípio, os alunos
leram a HQ, foram convidados a recontá-la e a resolver uma situação-problema
nela inspirada. Três semanas depois, foi aplicada uma avaliação escrita e, passados
mais dois meses, foi feita uma atividade de revisão da prova", descreve
Adriana.
De acordo com a autora, a
solução presente na HQ foi aludida pelos alunos em diferentes momentos da
investigação. "Ficou visível que os estudantes recorreram a elementos da
história carregados de valor sentimental e deles se lembraram em aulas
subsequentes. Esses elementos eram justamente aqueles que ajudariam os
estudantes a compreender o procedimento experimental e o conceito de
densidade", relata Adriana.
Segundo documentação produzida
pela pesquisadora, durante a primeira etapa da pesquisa, 15 dos 25 estudantes
participaram com comentários – comportamento, segundo ela, pouco comum na turma
investigada. Na prova escrita, 20 jovens utilizaram corretamente o conceito de
densidade. Na atividade posterior de retomada do conteúdo, dois entre cinco
grupos de alunos mencionaram a HQ em suas respostas.
(...)
Fonte (imagem e texto): UFMG
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