José Pereira tinha 17 anos
quando se mudou para uma fazenda no Pará. Trabalhava do amanhecer até à noite
sem receber salário e dormia em barracas de lona vigiadas por capangas armados.
Ao tentar fugir, com a ajuda de um companheiro, levou um tiro que atravessou
saiu pelo olho direito. O companheiro morreu. Zé Pereira fingiu estar morto,
foi enrolado em uma lona junto com o corpo do colega e deixado na beira de uma
estrada, de onde foi socorrido. Ficou cego daquele olho, mas voltou à fazenda
com a polícia federal e ajudou a libertar 60 trabalhadores. O caso de José
Pereira foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e se
tornou um marco na luta pelo combate ao trabalho escravo moderno no Brasil.
A história dele e a outros trabalhadores vítimas de trabalho escravo em fazendas, empresas, estaleiros e casas no Brasil é contada em uma série de vídeos da campanha Trabalho Escravo Nunca Mais, do Ministério do Trabalho e Previdência Social. A narrativa é intercalada por dramatizações, depoimentos e informações sobre a trajetória do combate ao trabalho escravo no Brasil. O lançamento do material foi lançado [...] em Brasília, e os vídeos estão disponíveis [...] no portal MTPS.
A história dele e a outros trabalhadores vítimas de trabalho escravo em fazendas, empresas, estaleiros e casas no Brasil é contada em uma série de vídeos da campanha Trabalho Escravo Nunca Mais, do Ministério do Trabalho e Previdência Social. A narrativa é intercalada por dramatizações, depoimentos e informações sobre a trajetória do combate ao trabalho escravo no Brasil. O lançamento do material foi lançado [...] em Brasília, e os vídeos estão disponíveis [...] no portal MTPS.
O combate ao trabalho escravo no Brasil começou em 1995, quando o país reconheceu oficialmente que, mesmo passados mais de 100 anos da abolição, ainda havia formas de trabalho análogas à escravidão. Naquele ano, os grupos especiais de fiscalização móvel do Ministério do Trabalho começaram a realizar ações em campo.
Em 2003, com a criação da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), foi instituída uma política nacional, envolvendo uma série de ações e vários ministérios, além de representantes do Ministério Público do Trabalho, do Judiciário e da sociedade civil. Essa mudança representou, o resgate de 50 mil trabalhadores nos 21 anos de fiscalização, sendo 5,2 mil entre 1995 a 2002, e cerca de 45 mil de 2003 a 2016.
Um dos símbolos dessa trajetória é a chacina de Unaí, em Minas Gerais, como
ficou
conhecida com a triste história da morte de três auditores fiscais do
trabalho e do motorista da equipe. Eles se deslocavam para uma fazenda de
plantação de feijão onde havia denúncia de trabalho escravo quando foram
emboscados e assassinados por dois homens armados. Os mandantes foram
condenados em primeira instância.
O conceito de trabalho escravo,
ou “análogo à escravidão” como prevê a legislação, está descrito no artigo 149
do Código Penal brasileiro. Ele é caracterizado por condições degradantes de
trabalho, jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida. Ou seja,
quando o trabalhador, além de ser violado nos direitos de ir e vir também tem a
dignidade ferida, como explica o chefe da divisão para erradicação de trabalho
escravo do MTPS, André Esposito Roston. “Quando a gente fala de trabalho
escravo hoje, não fala só da liberdade de locomoção. Fala essencialmente da
violação da dignidade da pessoa humana.”
Por isso, quando um trabalhador é resgatado da condição de escravo no Brasil,
ele é atendido por toda a rede do governo federal, com seguro-desemprego,
inscrição no Cadastro Único que dá acesso aos programas sociais do governo
federal, atendimento de saúde, acompanhamento psicossocial e encaminhamento à
qualificação profissional.
Foi esse conjunto de ações e medidas que fizeram com que a política nacional de
erradicação do trabalho escravo no Brasil se transformasse em referência
mundial, reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
André Roston diz que “a campanha mostra a real e triste história de pessoas que
foram escravizadas. Queremos, com os vídeos, conscientizar a sociedade sobre a
persistência deste grave problema e buscar apoio ao nosso trabalho para que um
dia possamos dizer que essa história nunca mais se repetirá”.
Fonte:
Assessoria de Imprensa
Graziela Andreatta
Nenhum comentário:
Postar um comentário