Conhecido por sua histórica
competência na formação de profissionais capacitados para a área das
Engenharias, o CEFET-MG também conta com redes científicas sobre outros temas
que escapam à razão das contas e dos maquinários, como, por exemplo, as
linguagens. O desejo de estudar e entender um pouco mais sobre as narrativas de
vida motivou professores do Departamento de Linguagem e Tecnologia (DELTEC) a
criarem, no ano de 2015, o grupo de pesquisa “Narrar-se CEFET”, abrindo caminho
para que outras formas de pesquisa enriqueçam o conhecimento dos estudantes
secundaristas, de graduação e pós-graduação. E inovam, ao utilizar a história
oral como fonte de dados científicos numa Instituição tradicionalmente
reconhecida como de excelência na oferta de educação tecnológica, como o
próprio nome sugere.
Registrado na plataforma do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o grupo
“Narrar-se CEFET” tem como objetivo investigar o papel das representações
sociais que se projetam pela linguagem quando membros da Instituição narram a
própria história. A meta é contar com uma plataforma virtual para
disponibilizar todo o material coletado para futuras pesquisas, além de um
espaço e uma ferramenta web em que qualquer membro da comunidade acadêmica
possa registrar sua trajetória histórica no CEFET-MG.
O método utilizado pelo grupo
na coleta de dados é o da história oral. As análises do discurso dos sujeitos
pesquisados têm como referência os teóricos da análise do discurso de vertente
francesa, no que diz respeito à relação enunciação/enunciado, os pontos de
vista construídos pelos sujeitos, o processo de referenciação e os imaginários
mobilizados no processo de reconstituição de suas memórias.
Segundo o professor Cláudio
Lessa, líder do grupo “Narrar-se CEFET”, a experiência em sala de aula
sinalizou a possibilidade de se trabalhar com a história oral, pela narrativa
de si. “Durante os meus dois primeiros anos de trabalho nesta Instituição,
percebi, nas interações em sala, com o corpo discente dos alunos de Letras e da
Educação de Jovens e Adultos, que, muitas vezes, alguns alunos relatavam
fragmentos de suas memórias escolares”, disse Cláudio. Além disso, ele também
tomou conhecimento, ao ingressar no corpo docente do Programa de Pós-Graduação
em Estudos de Linguagem (POSLING), de outros estudos que têm se debruçado sobre
a temática. “Em um dos meus artigos, publicados em 2013, por exemplo, busquei
mostrar como tanto em textos autobiográficos, quanto em biografias, o sujeito
projeta imagens de si e do outro a partir de marcas em seu dizer, que sinalizam
ideologias, crenças e senso comum. Nesse dizer, é comum ouvirmos tons de
sofrimento, de angústia, de nostalgia, mas também de superação das adversidades
vividas”, explica Cláudio.
A escrita de si mesmo,
portanto, torna-se um momento no qual os indivíduos refletem sobre a própria
vida e buscam organizar coerentemente, por meio da escrita, as memórias e, por
conseguinte, a própria identidade. E aqui se encontra o ponto principal do
trabalho desenvolvido pelo “Narrar-se CEFET”: o estudo da reconstituição de uma
vida, pela memória materializada, pela linguagem, em narrativas de si.
(...)
Fonte: CEFET-MG
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