Salário mínimo é responsável por 70% da redução da desigualdade
A
valorização do salário mínimo na última década foi responsável por 70% da
redução no coeficiente de Gini, que passou de 0,594, em 2001, para 0,527, em
2011. O índice mede a desigualdade de renda no mercado de trabalho e, quanto
mais próximo de 0, menor a diferença entre os maiores e os menores salários.
De acordo com o professor Naercio Menezes Filho, do Insper, Instituto de Ensino
e Pesquisa, a redução da desigualdade promovida pela valorização do salário
mínimo é ainda mais evidente entre as mulheres. “Da redução do [coeficiente de]
Gini no mercado de trabalho, o salário mínimo é responsável por cerca de 70%. O
efeito é mais importante para as mulheres do que para os homens, já que há
muitas mulheres ganhando salário mínimo, principalmente empregadas domésticas”,
disse.
Na
mesa que discutiu a distribuição de renda promovida pelo salário mínimo, o
professor André Portela, da Eesp, avaliou que, nos últimos anos, a valorização
tem beneficiado a população com renda intermediária e não os mais carentes.
Portanto, de acordo com ele, a política econômica deveria investir em outros
mecanismos de redução da desigualdade, como a ampliação de programas como o
abono salarial e o Bolsa Família.
Para
o professor Marcio Pochmann, da Universidade de Campinas (Unicamp), a
valorização do mínimo precisa retomar o objetivo de quando o benefício foi
criado, de ser um parâmetro para as necessidades de sobrevivência do trabalhador.
“O salário mínimo foi estabelecido na década de 1940 como a média do salário
urbano e era acima do PIB [Produto Interno Bruto] per capita.
Representava um componente de garantir o mínimo para a força de trabalho. Com a
política de arrocho da década de 1960, o mínimo não acompanhou a inflação.
Somente a partir do Plano Real, o mínimo se deslocou de elemento de combate à
inflação para instrumento de combate à pobreza”, relembrou.
(...)
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