Texto de Rafael Gonçalves de
Lima e Renato Lu
A faculdade de línguas estrangeiras da Universidade de Pequim realizou no
dia 28 de setembro, o seminário “Paisagens, Regiões e Literatura Nacional: diferenças
de tempo e espaço na cultura brasileira”. O evento foi organizado pelo Núcleo
da Cultura Brasileira da Universidade de Pequim, em conjunto com os
departamentos de português e espanhol, e o Instituto de Literatura Mundial da
mesma universidade.
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes no seminário, em sua grande
maioria alunos chineses de graduação em língua portuguesa das universidades de
Pequim, Universidade de Comunicação da China e Universidade de Estudos
Estrangeiros de Pequim, todas localizadas na capital chinesa.
O encontro contou com os palestrantes Prof. Francisco Foot Hardman,
professor titular de literatura do Instituto de Estudos da Linguagem da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Prof.ª Min Xuefei, professora
associada do departamento de português da Universidade de Pequim e tradutora de
Clarice Lispector para o chinês. O Prof. Hu Xudong, muito conhecido na China
pelo seu livro “Uma Paixão Casual no Brasil” (去他的巴西, em chinês), e vice-diretor
do Núcleo da Cultura Brasileira da Universidade de Pequim, foi o moderador do
evento acadêmico.
Em sua palestra, o professor Francisco Hardman afimou que o papel das
universidades, para além de ser uma fonte de conhecimentos, deve servir de elo
de amizade e paz entre as culturas. O professor brasileiro trouxe vários
elementos da cultura, das artes e da literatura brasileira, citando autores e
obras nacionais como “Tenda dos Milagres” de Jorge Amado, “Os Sertões” de
Euclides da Cunha e “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector. O professor brasileiro
também fez referência ao “Monumento às Bandeiras” do escultor Victor Brecheret
e ao filme “Serras da Desordem”, produzido pelo cineasta Andrea Tonacci em
2006.
Por sua vez, a Prof.ª Min Xuefei, que esteve no Brasil por três vezes,
manifestou sua paixão pelo país e avaliou bem a palestra do Prof. Francisco
Hardman. Ela pediu aos alunos de português que eles dediquem mais tempo à
literatura brasileira, particularmente ao livro “Os Sertões”, que considera um
clássico para se conhecer a literatura e cultura brasileiras.
Também estiveram presentes do evento Glaucia Zuniga, professora de
língua portuguesa e cultura brasileira da Universidade de Pequim, Prof. Thomas
Patrick Dwye, professor titular do programa de pós-graduação em sociologia da
Unicamp e Lúcia Anderson, doutoranda no programa de ciências sociais da Unicamp
e ex-funcionária a agência chinesa de notícias Xinhua.
O evento se soma a uma série de esforços feitos pela China para conhecer
mais o Brasil e falar a sua língua, o português. Atualmente, cerca de 35
universidades chinesas oferecem cursos de língua portuguesa como bacharelado.
Em termos literários, a China também tem avançado para conhecer mais e melhor o
Brasil. Segundo um levantamento recente feito pelo Prof. José Medeiros da
Silva, professor de português da Faculdade de Línguas Estrangeiras de Zhejiang,
a China tem se esforçado desde longa data para permitir que os chineses tenham
acesso à literatura brasileira, mostrando ao Diário do Povo um exemplar em
chinês do livro “O Cavaleiro da Esperança” de Jorge Amado, publicado em língua
chinesa em 1953, e “Os Sertões” de Euclides da Cunha, publicado na China em
1959.
Tanto a Universidade de Pequim, da China, como a Unicamp, do Brasil, são
instituições de ensino superior de qualidade e de renome internacional. A
Universidade de Pequim, por exemplo, já figura entre as 50 melhores
universidades do mundo segundo a Times Higher Education World University
Rankings.
Fonte: Portuguese People
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