PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Boletim digital da UFMG destaca trabalho infantil em lixões da cidade de Montes Claros/MG




https://www.ufmg.br/boletim/bol1921/5.shtml  
Mesmo amparadas por legislação que coíbe o trabalho infantil e por programas sociais que exigem frequência escolar, centenas de crianças e adolescentes recorrem aos lixões de Montes Claros para ajudar no sustento de suas famílias, revela trabalho desenvolvido no Instituto de Ciências Agrárias (ICA).
(...)

UFMG: aplicativo incubado na Inova estimula crianças a fazer o dever de casa



A inadimplência das crianças brasileiras com o tradicional dever de casa chega, em alguns casos, a 80%. Esse quadro estimulou um grupo de profissionais a desenvolver o aplicativo Cora Educação Facilitada, incubado pela Inova UFMG, que oferece estratégias para motivar as crianças a executar as tarefas escolares em casa e possibilitar que seu acompanhamento seja aprimorado por pais e professores.

http://coraeduca.com.br/Trata-se de uma plataforma que pode ser acessada por computadores, tablets ou smartphones conectados à internet, dotada de entradas e ferramentas diferentes para os atores envolvidos nos processos escolares, que vão desde a criação dos planos de estudos até a avaliação do desempenho dos alunos.

Por meio da plataforma, os professores criam um cronograma de atividades que são automaticamente adicionadas às agendas de cada um dos alunos. As questões inseridas em cada plano de estudo podem ser redigidas pelo próprio educador no aplicativo ou adaptadas do banco com mais de mil itens desenvolvidos pelos professores autores e colaboradores, que cobrem os conteúdos do segundo ciclo do ensino fundamental.

"O educador pode criar questões que vão para um banco de dados individual, mas aconselhamos que ele compartilhe com os demais professores, de modo que se estabeleça uma prática de construção colaborativa de questões", afirma Cecília Passagli, gerente de produto do Cora e ex-professora do ensino fundamental.

Cecília integra equipe de 22 profissionais que desenvolveu o aplicativo, formada por engenheiros de software, designer de interação, gerente de produto, ilustrador e mais de uma dezena de professores da educação básica.

À medida que completa as atividades previstas no cronograma da turma – professores e pais recebem atualização em tempo real –, a criança pode acompanhar o próprio desempenho em uma escala gamificada: ela pode tornar-se um "ninja" em determinada área e acumular pontos que, somados aos dos colegas de turma, concorrem em um campeonato interclasse. O bom desempenho dos alunos também se converte em bônus para o currículo dos professores na plataforma.

Na entrada do aplicativo, os planos de atividades e estatísticas de tarefas completas de cada aluno ficam visíveis para a família, que recebe notificações automáticas em casos de inadimplência. Os gestores pedagógicos da escola têm acesso às estatísticas de todas as turmas e são assessorados em estratégias de inteligência educacional para desenvolver políticas institucionais com base nos dados gerados no aplicativo.

Para desenvolver a ferramenta, a equipe organizou sessões de entrevistas em grupos focais com alunos, pais e gestores escolares para identificar os problemas e construir um recurso tecnológico para minimizá-los. "O grupo com alunos foi o mais interessante", relata Cecília. "Percebemos como essas crianças conferem muito pouco valor ao dever de casa e o quanto ele é desmotivador", completa.

O Cora já foi testado por 160 alunos de um colégio na região da Pampulha. De acordo com Lincoln Alves, designer de interação do aplicativo, a utilização da ferramenta em ambiente real indicou alguns pontos que podem ser aperfeiçoados em futuras atualizações.

"Além de planejarmos uma comunicação ainda mais próxima da escola para ajudar na implantação do aplicativo, vamos alinhá-lo com a forma como cada instituição já trabalha com o dever de casa", relata Lincoln. "Construímos possibilidades para os professores continuarem usando os livros didáticos, com atualização no aplicativo", afirma o designer.

Nas novas funções do Cora, os educadores podem incluir no cronograma de estudos as tarefas que devem ser feitas fora do ambiente virtual, e, à medida que os alunos indicam a realização das atividades pelo aplicativo, os dados desse tipo de tarefa também são informados aos pais e gestores.

Segundo Cecília Passagli, a intenção não é substituir o dever tradicional pelas questões do aplicativo nem a assistência presencial da família pelas notificações do Cora. "Não vejo a tecnologia substituindo o acompanhamento; os pais que desenvolveram o hábito de acompanhar o aluno vão continuar a fazê-lo, os que ainda não têm esse costume contarão com um recurso extra", destaca.

(Jeisy Monteiro/Boletim 1919)
Fonte: UFMG

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Diretora de escola salva 58 crianças de desastre em Mariana

por Stephen Eisenhammer

A primeira reação que Eliene Almeida, diretora de uma escola municipal em Bento Rodrigues, recebeu sobre a inundação de lama que destruiu seu vilarejo foi um grito de seu marido.

A maioria dos moradores correu para locais altos após ouvir notícias sobre o rompimento de barragens da mineradora Samarco, mas ninguém dentro da escola estava ciente de que uma muralha de 20 metros de lama e água estava se aproximando.
O marido de Eliene correu para a escola e alertou todos.

"Ele chegou gritando que tínhamos que correr", disse Eliene à Reuters, em um hotel que está recebendo sobreviventes do desastre ocorrido na quinta-feira no distrito do município mineiro de Mariana.

Desesperada, ela reuniu as crianças, na maioria com idades entre 11 e 16 anos. "Em três minutos todos já estavam fora", disse.

A inundação matou pelo menos quatro pessoas e nesta segunda-feira -quatro dias depois do desastre- 25 pessoas ainda estão desaparecidas. Mas todos os 58 alunos de Eliene sobreviveram.

Vestindo calças vermelhas e uma camiseta roxa, ela segurava seu filho de um ano e seis meses no parque infantil do hotel, enquanto recordava calmamente a retirada dos alunos.

A perna de seu filho estava em um gesso, após sofrer um tombo no hotel. "Ele está se acostumando com a casa nova", disse Eliene, de 31 anos, esboçando metade de um sorriso.

Pouco restou da escola que era o orgulho do vilarejo de 600 habitantes. Somente o telhado está visível, o resto está submerso em espessa camada de lama e resíduos de minério de ferro das barragens da Samarco, pertencente às gigantes BHP Billiton e Vale.

A falta de uma sirene ou de um plano de emergência para a retirada dos vilarejos próximos às barragens é uma queixa constante dos que foram atingidos pelas inundações, e algo que procuradores dizem que vão questionar.

Um relatório de 2013 de um procurador estadual alertou sobre sérios problemas de segurança na barragem da Samarco. De acordo com o relatório, um plano de emergência deveria ter sido criado para Bento Rodrigues, com exercícios práticos, como condição para a renovação da licença para a barragem. Os moradores dizem que tal plano nunca foi formulado.

O prefeito de Mariana, Duarte Junior, que foi levado para um hospital no domingo por suspeita de um ataque cardíaco por conta da falta de sono e estresse desde o acidente, chamou Eliene de "heroína".

"Não vejo assim", disse a diretora da escola, encolhendo os ombros. "Qualquer um teria feito o mesmo".

Ela disse que foi sorte a inundação ter ocorrido à tarde, quando os alunos mais velhos, que conseguem se mover mais rapidamente, estavam em aula.

Outro fator positivo era o tamanho grande dos portões de entrada, que permitiram a fuga das pessoas. "Poderia ter sido muito pior", afirmou.

Eliene espera que uma nova escola seja aberta, e diz que é importante que as crianças voltem a ter aulas. Mesmo assim, diz ela, as coisas nunca mais serão as mesmas.

"Você pode construir uma escola nova, mas todo o trabalho que ocorreu naquela escola em Bento, o que significava para a comunidade, foi embora para sempre", acrescentou.

Fonte (texto e imagem): Reuters Brasil

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Faculdade de Letras da UFMG – Estão abertas as inscrições para o Curso de Especialização em Língua Portuguesa: teorias e práticas de ensino de leitura e produção de textos



O Curso de Especialização em Língua Portuguesa é voltado para os professores que atuam na Educação Básica – Ensino Fundamental e Ensino Médio – e, mais especificamente, trabalham com leitura e produção de textos na escola. Sabemos, porém, que a leitura e a produção de textos são atividades transversais que envolvem todas as disciplinas escolares. Julgamos fundamental a compreensão, por parte dos profissionais de educação, de que a leitura e a produção textual é responsabilidade de todas as disciplinas e não apenas da disciplina de língua portuguesa. Por isso o público alvo do curso deve ser visto de modo ampliado. Além dos professores de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira – público-alvo direto -, o curso atende também às necessidades dos demais professores da educação básica.
Fonte: FALE/UFMG
Visite o site do curso
Para saber mais sobre as inscrições, visite o site da Fundep

domingo, 8 de novembro de 2015

Luiz Gama recebe título de advogado, 133 anos após sua morte



A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) homenageou na noite de 3 de nobembro Luiz Gonzaga de Pinto Gama, reconhecendo-o como advogado. "Há 133 anos, faleceu Luiz Gama e, após esse período, temos a oportunidade de reescrever a história. Ao apóstolo negro da Abolição, pelos seus relevantes serviços prestados junto aos tribunais na libertação dos escravos, a OAB Nacional e a OAB de São Paulo concedem [a Luiz Gama] o título de advogado", disse o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho, em cerimônia na Universidade Presbiteriana Macknzie, em São Paulo.

O baiano Luiz Gama nasceu em 1830, filho de um português com Luiza Mahin, negra livre que participou de insurreições de escravos. Gama foi para o Rio de Janeiro aos 10 anos após ser vendido como escravo, pelo pai, para pagar uma dívida de jogo. Sete anos depois, ele conseguiu a libertação e se transformou em um dos maiores líderes abolicionistas. Em 1869, ao lado de Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano.

Em 1850, Gama tentou frequentar o curso da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, hoje da Universidade de São Paulo (USP), mas foi impedido por ser negro. Ele conseguiu frequentar as aulas como ouvinte e o conhecimento adquirido permitiu que ele atuasse na defesa jurídica de negros escravos – a ele é atribuída a libertação de mais de quinhentas pessoas escravizadas.

Seu tataraneto, Benemar França, 68 anos, recebeu a homenagem em nome de Luiz Gama. "Trata-se de uma reparação histórica e do reconhecimento da sua atuação jurídica para a qual foi proibido de se graduar. Trata-se de uma justíssima homenagem a quem tanto lutou pela liberdade, igualdade e respeito", disse o presidente da OAB.

O professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e presidente do Instituto Luiz Gama, Silvio Luiz de Almeida, disse que a homenagem é inédita "para alguém que recebe o título de advogado pós-morte, não sendo formado em direito".

"Luiz Gama não é apenas importante para a história da comunidade negra brasileira, é, também, para que entendamos dois movimentos fundamentais para a formação social brasileira e entender para onde caminha o país. Ele está ligado tanto ao movimento abolicionista, ou seja, a luta contra a escravidão, como à formação da República", explicou o professor. "Neste momento, resgatar a figura de Luiz Gama, é resgatar também a esperança na construção de um país melhor, de um mundo mais justo e também da luta antirracista", acrescentou.

Para seu tataraneto, a homenagem "é um resgate ao trabalho que Luiz Gama fez na sua luta para libertar escravos". Ele disse que seu tataravô estudou por conta própria em bibliotecas. Apesar de ser rejeitado pela Faculdade de Direito, segundo Benemar, Luiz Gama "conseguiu ser rábula, ou seja, tinha um documento que o liberava para trabalhar como advogado, só que sem diploma". Nessa condição, ele libertou mais de 500 escravos, afirmou.


Fonte (texto e ilustrações): Rede Brasil Atual