PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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terça-feira, 16 de março de 2021

"Lélia Gonzalez foi a nossa Angela Davis e deveria ser leitura obrigatória nas escolas e universidades"


"Durante visita ao Brasil em 2019, a ativista negra estadunidense Angela Davis (na foto acima com Lélia) disse, em São Paulo: 'Eu acho que aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês, comigo'. Com esse questionamento, ela escancarou não só o viralatismo comum aos intelectuais brasileiros (o que já podemos concordar em chamar de colonialidade), mas também chamou atenção para uma grande verdade: é incoerente que Lélia Gonzalez não seja lida e valorizada o tanto quanto se deve em escolas e universidades nacionais.

Angela diz isso pois, de forma similar à maneira que seus pensamentos foram transformadores para o movimento negro e feminista dos Estados Unidos nos anos 1960, as reflexões de Lélia foram fundamentais nos anos 1970 e 1980 para traçar um panorama sobre como as opressões de raça, de gênero e de classe se entrelaçam e se manifestam no Brasil.

Uma das fundadoras de instituições como o Movimento Negro Unificado (MNU) e o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), Lélia foi ativista, professora, filósofa e antropóloga, além de ser um verdadeiro marco para mulheres que introduziram pensamentos decoloniais — aqueles que questionam a permanência de pensamentos eurocentrados no imaginário de lugares que são ex-colônias, como o Brasil — ao feminismo e ao movimento negros brasileiros. (...)

Filha de uma empregada doméstica de origens indígenas e de um operário ferroviário negro, Lélia trabalhou como babá e também como empregada ainda bem jovem, como conta em entrevista ao jornal “O Pasquim”, de 1986. 'Quando criança, eu fui babá de filhinho de madame, você sabe que criança negra começa a trabalhar muito cedo. Teve um diretor do Flamengo que queria que eu fosse para a casa dele ser uma empregadinha, daquelas que viram cria da casa. Eu reagi muito contra isso, então o pessoal terminou me trazendo de volta para casa'.

Como ativista, a antropóloga participou de organizações políticas importantes para o movimento negro durante o período de Ditadura Militar. Em 1978, por exemplo, ela participou e esteve presente no momento da fundação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, que no ano seguinte se tornou apenas Movimento Negro Unificado (MNU). O MNU nasceu com o objetivo de se tornar uma frente de defesa de pessoas afro-brasileiras contra o racismo estrutural que explora e desrespeita comunidades negras desde o início da história do país.

Marco organizacional do movimento negro brasileiro, até hoje a entidade defende os direitos inalienáveis de indivíduos de pele escura de todos os estados do Brasil.

Importante voz para as mulheres integrantes do movimento negro brasileiro, Lélia Gonzalez também usou o ativismo de campo e a produção intelectual para chamar atenção de companheiros de causa para o silenciamento de vozes femininas dentro da militância afro-brasileira."

Leia a matéria de Bárbara Martins para o site hypeness.com.br na íntegra clicando aqui

segunda-feira, 1 de março de 2021

Carolina de Jesus agora é Doutora Honoris Causa pela URFJ

Uma catadora de papel negra que ganhou o mundo das letras, num feito que para muitos parece impossível, agora é Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ). É Carolina Maria de Jesus, a mineira que morou na favela do Canindé, em São Paulo, onde catava papel para sobreviver. A escritora  ganhou o título, em uma homenagem póstuma, pela UFRJ. A aprovação da honraria foi unânime e por aclamação.

Carolina Maria de Jesus se revelou como escritora após os 30 anos, quando se mudou de Minas Gerais para São Paulo após a morte da mãe. Filha de analfabetos, Bitita, como era chamada quando criança, estudou apenas até o segundo ano do ensino fundamental. O curto período nos bancos da escola, no entanto, foi suficiente para fazê-la tomar gosto pela escrita e pela leitura.

 Em 1937, aos 33 anos e grávida, passou a viver na favela do Canindé, zona norte da capital paulista, e a se sustentar como catadora de papel. Sem largar de mão a literatura, aproveitava os cadernos usados que recolhia para registrar o cotidiano em que vivia. Foi assim que deixou uma obra literária atualmente reconhecida como de extrema relevância para a luta antirracista. 

Seu primeiro e mais famoso livro, "Quarto de Despejo - Diário de Uma Favelada", foi publicado com o apoio do jornalista Audálio Dantas, em 1958, a partir das anotações que fazia em vinte cadernos.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/cultura/audio/2021-02/carolina-maria-de-jesus-recebe-titulo-de-doutora-honoris-causa-da-ufrj