PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Centenário de morte de Olavo Bilac



“Contam que Olavo Bilac (Rio de Janeiro *16/12/1865 +28/12/1918), que havia sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, pilheriava sobre a sua condição de imortal, como eram chamados os membros daquela casa, na qual ocupou a cadeira de número quinze. Dizem que respondia ser imortal por não ter onde cair morto. Pois há cem anos, trinta depois da publicação do seu primeiro livro, Poesias (1888), Bilac deixou a vida terrena e virou imortal.

A fúria com que alguns dos primeiros modernistas investiram contra o passado foi talvez a responsável por uma certa diminuição do valor de Bilac. Aos olhos de alguns daqueles, seu parnasianismo era uma espécie de condenação póstuma. 

Mas em vida, Bilac foi um poeta extremamente popular. Nos convescotes literários da época todos declamavam os seus sonetos. O poeta Manuel Bandeira creditava essa popularidade de Bilac a sua fluência na linguagem e na métrica, bem como a sua sensualidade à flor da pele. Segundo Bandeira, esse conjunto tornava-o muito acessível ao grande público.


O republicano Bilac era um romântico, de um romantismo sensual, erótico, de clara influência baudelairiana. Mas era também um homem antenado com o seu tempo, ou mesmo à frente dele. 


Na crônica "Os Boers", de 1900, o poeta afirma que “Agredir um homem para lhe tomar o fruto das suas economias é uma ação negra que leva ao calabouço e ao patíbulo, mas agredir um povo para lhe arrebatar a fortuna, a liberdade e a honra, é uma ação gloriosa e bela, que se pratica com uma desfaçatez sem par”. O professor Sânzio Azevedo, ao comentar esse trecho, afirmava que ele era de uma contundente atualidade. E chama a atenção para o fato de Bilac ter apoiado o povo russo na sua tentativa revolucionária em 1905. (...)


Leiamos Bilac em voz alta, e mesmo nesses tempos de ódio e intolerância, sejamos capazes de perder o senso e ouvir estrelas. E sejamos também capazes de amar, para poder ouvi-las e entendê-las. Pois como disse o poeta que imortalizou-se há um século, “só quem ama pode ter ouvido, capaz de ouvir e de entender estrelas”.

ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS! 
XIII 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto ... 

E conversamos toda a noite, enquanto 
A via láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 

Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 

E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

 


* Texto de Joan Edessom. 

Leia na íntegra em http://www.vermelho.org.br/noticia/317774-1