PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ALVARÁS, CARTAS RÉGIAS, ETC.


Diariamente, quando me ia sentar à minha banca, na secretaria do Estado, onde sou oficial, aquele volume de legislação me namorava. Não era velho de impressão, nem de encadernação, mas, por aqueles anos, quase centenário de texto, ele me amedrontava de tal modo na sua velhice espiritual que, instintivamente, afastava o olhar e, com azedume, punha-me a folhear o registro dos decretos de 1900 em diante, era do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Entretanto, por mais que ele dançasse por sobre a estante próxima, constantemente aquela sua lombada escura com letras douradas mirava-me e olhava-me com um olhar tão meigo que, por vezes, ouvi de sua boca estas palavras: abri-me e lede-me.

E sempre repelia-o, fugia dele como de um espectro. A meus olhos, aquele livro era como um esqueleto: menos que uma múmia, o Tempo, além de lhe ter tirado a alma, o espírito, descarnara-o, tirando-lhe as substâncias moles, assimiláveis prontamente, aproveitáveis à continuação da vida, deixando somente um amontoado de ossos lisos a branquear por cima das secretárias dos amanuenses ou nas catacumbas das estantes burocráticas. Antes, pensei eu, ficassem aqueles ossos expostos às águas meteóricas aciduladas que lhes dissolvessem os fosfatos ou à curiosidade dos paleontologistas sociais que, nas suas pesquisas pacientes, desagregassem aquela ossada, osso por osso, para bem decifrarem os mistérios dos agrupamentos humanos.
(...)
Lima Barreto

sábado, 24 de agosto de 2013

Agenda Legislativa dos Trabalhadores

Documento elaborado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) facilita o acompanhamento e o monitoramento do processo de elaboração das leis em matérias de interesse dos assalariados (trabalhadores, servidores públicos, aposentados e pensionistas).


Fonte: DIAP

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Campanha de Enfrentamento ao Trabalho Infantil



Em entrevista concedida a Luíza Glória no programa Conexões, Danila Cal, professora da Universidade da Amazônia e doutoranda em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais fala sobre a Campanha de Enfrentamento ao Trabalho Infantil, com o mote Tem Criança que nunca pode ser Criança. A campanha tem como meta o combate à Exploração Sexual, o Tráfico de Drogas e o Trabalho Doméstico de crianças e adolescentes. 
 

Clique na imagem para ouvir a entrevista

domingo, 18 de agosto de 2013

43% dos brasileiros não se reconhecem na programação da TV e 25% se veem retratados negativamente



A televisão é assistida diariamente por 82% dos brasileiros, mas 43% da população não se reconhecem na programação difundida pelo veículo e 25% se veem retratados negativamente. Apenas 32% se sentem representados positivamente. Os dados são da pesquisa de opinião pública Democratização da Mídia, lançada hoje (16) pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT. Para o estudo foram feitas 2,4 mil entrevistas domiciliares em zonas rurais e urbanas de 120 municípios, entre 20 de abril e 6 de maio deste ano.

Quase um terço dos entrevistados (29%) disse que nunca vê a defesa de seus interesses na televisão, enquanto que para 55% essa defesa ocorre de vez em quando. Em relação às mulheres, 17% acha que quase sempre são tratadas com desrespeito na programação, problema que ocorre eventualmente para 47% dos entrevistados. O tratamento dos nordestinos também recebeu avaliação semelhante, sendo que foi considerado quase sempre desrespeitoso para 19% e só às vezes para 44%. Sobre a população negra os percentuais foram de 17% e 49%, respectivamente.

De acordo com o estudo, a maioria da população (61%) acha que a TV concede mais espaço para o ponto de vista dos empresários do que dos trabalhadores (18%). Para 35% dos brasileiros, os meios de comunicação, não só a televisão, defende principalmente os interesses dos próprios donos. Na opinião de 32%, a versão que prevalece na mídia é a dos que têm mais dinheiro e para 21% é o interesse dos políticos que é mais defendido pelos meios. Apenas 8% avaliaram que os meios de comunicação estão prioritariamente ao lado da maioria da população.

A maioria dos entrevistados (71%) é favorável a que a programação televisiva tenha mais regras. Para 16%, as regras atuais são suficientes para disciplinar o conteúdo e 10% disse que é preciso reduzir o número de normas. Na opinião de 54%, não deveriam ser exibidos conteúdos de violência ou humilhação de homossexuais ou negros. Para 40% da população, esse tipo de programação pode ser aceita sob determinadas regras. Percentual semelhante ao humor que ridicularizam pessoas, 50% são contra a exibição desse conteúdo e 43% admite desde que normatizado.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A escola e a cidade



Terezinha Azerêdo Rios

Consulto o dicionário: "Cidadão: 1. Indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. 2. Habitante da cidade". Passo para o verbete Cidade e encontro uma citação do arquiteto Lúcio Costa (1902-1998): "É a expressão palpável da necessidade humana de contato, comunicação, organização e troca - numa determinada circunstância físico-social e num contexto histórico". Vou ao livro De uma Vez por Todas, do poeta amazonense Thiago de Mello, e leio Cidadania: "Cidadania é dever de povo./ Só é cidadão/ quem conquista o seu lugar/ na perseverante luta/ do sonho de uma nação./ É também obrigação:/ a de ajudar a construir/ a claridão na consciência/ de quem merece o poder./ Força gloriosa que faz/ um homem ser para outro homem/ caminho do mesmo chão,/ luz solidária e canção".

Procuro, então, trazer para a escola as formas diferentes de definir os conceitos, uma vez que, nas propostas ali elaboradas, há sempre o objetivo de formar cidadãos, ou seja, os habitantes de nossas cidades. Qual a responsabilidade da instituição na construção da cidade, na configuração que se quer dar a ela e na articulação com os projetos propostos pelo Executivo municipal? Será mais desafiador se considerarmos, como o pensador italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que o papel da escola é o de formar governantes. Para ele, o cidadão com consciência de seus direitos e deveres, que amplia seu conhecimento do mundo e de si mesmo e procura intervir de maneira crítica e criativa na construção do contexto em que vive e ao qual pertence, terá a possibilidade de ocupar o lugar de representante de sua comunidade, de sua cidade e de seu país.

O educador mineiro Neidson Rodrigues (1942-2003) afirma que a escola cumpre sua missão política não quando elabora no seu interior um discurso sobre a política, mas quando, por meio da prática educativa, prepara "o cidadão para a vida da pólis, para a vida política, isto é, para a compreensão da totalidade social onde ele está inserido". O cidadão somente se sentirá dono do espaço em que vive se aprender a construí-lo. E promover esse aprendizado é uma das nossas tarefas mais importantes como educadores. É o que vemos apontado por Gramsci e encontramos no poema de Thiago de Mello, no qual somos levados a explorar outro conceito, também ligado ao de cidadania: o de democracia. Ele diz respeito à criação e manutenção da vida comum com dignidade, igualdade no convívio das diferenças e a possibilidade de desenvolvimento das capacidades de todos.
(...)
Publicado na Revista Escola