PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Manuel de Oliveira



A história da mágoa que o levou a uma semiloucura, ele ma contou muitas vezes de um modo inalterável. Cabinda de nação, ele viera muito menino da Costa da África e um português hortelão o comprara e lhe ensinara o ofício de plantar couves.

O seu senhor tinha uma grande horta pelas bandas da Rua do Pinheiro, no Catete, e logo que o pobre Manuel – era esse o nome do meu cabinda – cresceu um pouco, pela manhã, com verduras cuidadosamente contadas pelo senhor, ele saía para o Catete e Botafogo a vender couves, repolhos, cenouras, etc. Levavam as verduras e legumes preços marcados, mas ele as podia vender mais caro, ficando para si o excedente. Durante anos, Manuel de Oliveira, pois, como era costume, veio a usar o sobrenome do senhor, fez isso, ao sol e à chuva, juntando nas mãos do senhor os seus lucros diários. Quando chegou a certa quantia estipulada, o Oliveira, dono da horta, deu-lhe a sua carta de alforria.

Não saiu da companhia do seu antigo senhor e com ele continuava a trabalhar, mediante salário.

Habituado a economizar, continuava a fazê-lo, mas não sem que, de quando em quando, comprasse o seu “gasparinho”. Um belo dia, a sorte bafejou-o e a loteria deu-lhe um conto de réis, que ele guardou nas mãos do patrão.

(...)

Lima Barreto

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