Da cidade de S. Paulo
Também do escravo a
humilde sepultura
Um gemido merece de
saudade:
Ah caia sobre ela uma só lágrima
De gratidão ao menos.
(Dr. Bernardo Guimarães)
Em lúgubre recinto escuro
e frio,
Onde reina o silêncio aos
mortos dado,
Entre quatro paredes
descoradas,
Que o caprichoso luxo não
adorna,
Jaz de terra coberto
humano corpo,
Que escravo sucumbiu,
livre nascendo!
Das hórridas cadeias
desprendido,
Que só forjam sacrílegos
tiranos,
Dorme o sono feliz da
eternidade.
Não cercam a morada
lutuosa
Os salgueiros, os fúnebres
ciprestes,
Nem lhe guarda os umbrais
da sepultura
Pesada laje de espartano
mármore,
Somente levantado em
quadro negro
Epitáfio se lê, que impõe
silêncio!
– Descansam neste lar
caliginoso
O
mísero cativo, o desgraçado!...
(...)
Luiz Gama
Nenhum comentário:
Postar um comentário