O que leva um adolescente a ingressar e a sair do
tráfico de drogas? A busca de respostas para essa questão motivou o estudo da
psicóloga Mônica Brandão e Souza, autora de dissertação de mestrado defendida
no ano passado junto ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e
Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG.
A necessidade de autoafirmação foi a principal
justificativa dos jovens entrevistados, que cumpriam medida socioeducativa.
“Eles declararam existir uma necessidade material que os impulsiona para a
atividade, mas em suas falas sempre aparece o tráfico como uma chance de
‘brilhar’, construir o seu lugar de respeito no mundo”, explica a autora do
trabalho.
“Muitos deles não querem seguir as profissões
subservientes que seus pais sustentaram na vida. Eles querem outra coisa,
romper com essa lógica”, afirma. A partir dessa constatação, a pesquisadora
defende a necessidade das instituições públicas se reposicionarem em relação a
esse jovem.
Afastar esses jovens do crime, portanto, transcende
a oferta de educação e emprego em níveis básicos. Acesso ao ensino superior e
qualificação profissional são iniciativas importantes para convencê-los da
possibilidade de uma vida digna fora do tráfico. “Para esses adolescentes, não
se trata apenas da geração de renda. Trata-se de construir um lugar na
sociedade, um lugar de apreço”, reforça a psicóloga.
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