(...)
Devo confessar preliminarmente que entre um
Conde e um passarinho, prefiro um passarinho. Torço pelo passarinho. Não é por
nada. Nem sei mesmo explicar essa preferência. Afinal de contas, um passarinho
canta e voa. O Conde não sabe gorjear nem voar. O Conde gorjeia com apitos de
usinas, barulheiras enormes, de fábricas espalhadas pelo Brasil, vozes dos operários,
dos teares, das máquinas de aço e de carne que trabalham para o Conde. O Conde
gorjeia com o dinheiro que entra e sai de seus cofres, o Conde é um industrial,
e o Conde é Conde porque é industrial. O passarinho não é industrial, não é
Conde, não tem fábricas. Tem um ninho, sabe cantar, sabe voar, é apenas um
passarinho e isso é gentil, ser um passarinho.
(...)
Rubem Braga
In: O conde e o passarinho, RJ: Record, 2002.
Em 12 de
janeiro de 2013, lembramos o centenário de nascimento do escritor Rubem Braga.
Nascido
em Cachoeiro do Itapemirim/ES, iniciou seus
estudos naquela cidade. Posteriormente seguiu para Niterói/RJ onde
estudou no Colégio Salesiano. Em Belo Horizonte formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão. Dedicou-se ao
jornalismo profissional e escreveu diversas reportagens e crônicas publicadas em
vários periódicos como: Diário da Tarde/MG, Diário de Pernambuco/PE, Folha do
Povo/PE, Folha de São Paulo/SP, revistas Veja e Manchete, dentre outros.
Também
como jornalista cobriu eventos importantes da história brasileira e da mundial
como a Revolução Constitucionalista e a Segunda Guerra Mundial. Na carreira de
jornalista foi repórter, redator, editorialista e cronista.
É
reconhecido como um dos melhores cronistas brasileiros e recebe, por isso, o
título de “sabiá das crônicas”.
Fontes:
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