De inexplicáveis ânsias
prisioneiro
Hoje entrei numa forja, ao
meio-dia.
Trinta e seis graus à
sombra. O éter possuía
A térmica violência de um
braseiro.
Dentro, a cuspir escórias
De fúlgida limalha
Dardejando centelhas
transitórias,
No horror da metalúrgica
batalha
O ferro chiava e ria!
Ria, num sardonismo
doloroso
De ingênita amargura,
Da qual, bruta, provinha
Como de um negro cáspio de
água impura
A multissecular
desesperança
De sua espécie abjeta
Condenada
a uma estática mesquinha!
Augusto dos Anjos
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