Entre 2007 e 2011, o polo
industrial de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, registrou mais
de dois mil casos de doenças e agravos relacionados à saúde do trabalhador.
Desse total, 45,6% das ocorrências foram de acidentes graves, 26,2% de Lesão
por Esforços Repetitivos e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (LER/Dort),
e 14,6% de acidentes com exposição a material biológico.
A lista inclui ainda
intoxicações, doenças de pele, perda auditiva provocada por ruído, transtornos
mentais, doenças causadas pela inalação de poeiras e câncer, que somam 13,5%. O
que chamou mais atenção, no entanto, foi o crescimento abrupto dos casos no
período. Para se ter uma ideia, enquanto em 2007 foram registrados 68 agravos,
em 2011 esse número chegou a 1.134 casos.
Os dados foram registrados no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A qualidade das
informações transmitidas pelo sistema local de vigilância epidemiológica em
saúde do trabalhador foi objeto de análise de dissertação de mestrado defendida
pela terapeuta ocupacional Juliane Kate Alvares na Faculdade de Medicina da
UFMG.
Se, por um lado, o salto na
quantidade de casos aparenta um fator de preocupação, por outro, na avaliação
da autora do estudo, revela melhoria na capacidade de identificação dos agravos
e do preenchimento das fichas de notificação usadas para o abastecimento de
dados do Sinan. A pesquisa mostra que o preenchimento dos campos obrigatórios
dessas fichas teve índices elevados, superiores a 87%, enquanto o número de registros
duplicados e de informações inconsistentes foi pequeno (0,6% e
7%,respectivamente).
Os
resultados surpreenderam a pesquisadora. “Esperávamos uma realidade diferente,
que necessitasse de um trabalho de sensibilização e capacitação para funcionar
adequadamente” afirma. Mas a avaliação da utilização do sistema foi positiva.
“Em Betim são preenchidos campos que em nível estadual e nacional apresentam
preenchimento precário, ao mesmo tempo em que dados incoerentes apresentam
baixos índices”, compara Juliane.
(..)
Fonte: UFMG
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