Sem perspectivas, mais de 1 milhão deixou o país de origem desde 2008
"Estou a arrumar as malas. Levo quase tudo. Já
não sei se volto. Quem emigra quer voltar, mas muitos poucos voltam à base.
Farto disto tudo, farto de estar desempregado, de nada servem estes canudos.
Quando há trabalhos são sempre temporários, humilhantes, precários, os salários
hilários. União Europeia a colapsar, Portugal a mergulhar nestes dias
funerários. Vou-me embora, vou para Luanda. Já não há nada aqui pra mim. Isto
já não anda nem desanda. Portugal, meu céu, meu lamaçal, assiste ao recital da
minha fuga da tua varanda."
Os versos são do rap Meu País, composto pelo português
Valete. Mas o texto acabou se transformando em símbolo de um movimento que
ganha dimensões inéditas. Em uma Europa com desemprego recorde e, acima de
tudo, diante da falta de perspectiva, 1 milhão de pessoas já deixaram seus
países de origem em busca de trabalho desde o início da crise, em 2008, no que
já está sendo considerado o maior êxodo do Velho Continente em meio século.
Os dados de desemprego na Europa surpreendem até
mesmo os políticos mais convencidos de que o continente pode sair da crise.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Europa tem hoje 10
milhões a mais de desempregados na comparação com 2007. Para muitos, o que mais
preocupa é que as projeções deixam claro que a crise não terminará antes de
meados da década e que não haverá uma recuperação dos postos de trabalho no
curto prazo.
Fonte:
O Estado de São Paulo
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