PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

SIMPLES REPARO



O senhor doutor Sousa Leite, a quem conheço desde muitos anos e cujas qualidades de cavalheirismo e de inteligência sempre apreciei, voltando da Europa e sendo solicitado a isso, concedeu a um jornal desta capital – Rio-Jornal – uma entrevista sobre as suas impressões do momento que atravessam a indústria e o operariado europeus.

Há muito que respigar nas suas palavras e eu me permiti a ousadia de fazer um simples reparo a um ponto de sua entrevista, em que, julgo, o doutor Sousa Leite foi totalmente infeliz.

É opinião do ilustre engenheiro que a abolição quase total... O melhor é transcrever as suas palavras. Ei-las:

A abolição quase total do ensino religioso nas escolas públicas, afetando mais diretamente as classes menos favorecidas da fortuna, matou ou adormeceu nelas a crença inata e necessária de uma recompensa futura, como compensação e justa paga da pobreza sofrida com voluntária resignação e ânimo forte, e fez irromper violenta e incoercível a aspiração à inteira igualdade de gozo e de fortuna, consequência lógica e fatal do materialismo triunfante.

Se quisesse brincar era caso de dizer que não havia necessidade desse narcótico transcendente da religião e o seu ensino para levar todos os trabalhadores a resignarem-se com a pobreza. Bastava a aguardente, a cachaça, que não exigem fé nem complicações de catecismo, padres, missas, sermões, etc.

Não é ocasião, porém, de brincar, nem o doutor Sousa Leite é merecedor que assim se converse com ele ou contrarie o seu pensamento. Merece, por todos os motivos, que se lhe fale a sério e não lhe quero falar de outro modo.
(...)

Lima Barreto 
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