PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Narrativas de si: a memória reconstituída pela linguagem


Conhecido por sua histórica competência na formação de profissionais capacitados para a área das Engenharias, o CEFET-MG também conta com redes científicas sobre outros temas que escapam à razão das contas e dos maquinários, como, por exemplo, as linguagens. O desejo de estudar e entender um pouco mais sobre as narrativas de vida motivou professores do Departamento de Linguagem e Tecnologia (DELTEC) a criarem, no ano de 2015, o grupo de pesquisa “Narrar-se CEFET”, abrindo caminho para que outras formas de pesquisa enriqueçam o conhecimento dos estudantes secundaristas, de graduação e pós-graduação. E inovam, ao utilizar a história oral como fonte de dados científicos numa Instituição tradicionalmente reconhecida como de excelência na oferta de educação tecnológica, como o próprio nome sugere.

Registrado na plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o grupo “Narrar-se CEFET” tem como objetivo investigar o papel das representações sociais que se projetam pela linguagem quando membros da Instituição narram a própria história. A meta é contar com uma plataforma virtual para disponibilizar todo o material coletado para futuras pesquisas, além de um espaço e uma ferramenta web em que qualquer membro da comunidade acadêmica possa registrar sua trajetória histórica no CEFET-MG.

O método utilizado pelo grupo na coleta de dados é o da história oral. As análises do discurso dos sujeitos pesquisados têm como referência os teóricos da análise do discurso de vertente francesa, no que diz respeito à relação enunciação/enunciado, os pontos de vista construídos pelos sujeitos, o processo de referenciação e os imaginários mobilizados no processo de reconstituição de suas memórias.

Segundo o professor Cláudio Lessa, líder do grupo “Narrar-se CEFET”, a experiência em sala de aula sinalizou a possibilidade de se trabalhar com a história oral, pela narrativa de si. “Durante os meus dois primeiros anos de trabalho nesta Instituição, percebi, nas interações em sala, com o corpo discente dos alunos de Letras e da Educação de Jovens e Adultos, que, muitas vezes, alguns alunos relatavam fragmentos de suas memórias escolares”, disse Cláudio. Além disso, ele também tomou conhecimento, ao ingressar no corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (POSLING), de outros estudos que têm se debruçado sobre a temática. “Em um dos meus artigos, publicados em 2013, por exemplo, busquei mostrar como tanto em textos autobiográficos, quanto em biografias, o sujeito projeta imagens de si e do outro a partir de marcas em seu dizer, que sinalizam ideologias, crenças e senso comum. Nesse dizer, é comum ouvirmos tons de sofrimento, de angústia, de nostalgia, mas também de superação das adversidades vividas”, explica Cláudio.

A escrita de si mesmo, portanto, torna-se um momento no qual os indivíduos refletem sobre a própria vida e buscam organizar coerentemente, por meio da escrita, as memórias e, por conseguinte, a própria identidade. E aqui se encontra o ponto principal do trabalho desenvolvido pelo “Narrar-se CEFET”: o estudo da reconstituição de uma vida, pela memória materializada, pela linguagem, em narrativas de si.
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Fonte: CEFET-MG

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