Uma catadora de papel negra que ganhou o mundo das letras, num feito que para muitos parece impossível, agora é Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ). É Carolina Maria de Jesus, a mineira que morou na favela do Canindé, em São Paulo, onde catava papel para sobreviver.


Carolina Maria de Jesus se revelou como escritora após os 30 anos, quando se mudou de Minas Gerais para São Paulo após a morte da mãe. Filha de analfabetos, Bitita, como era chamada quando criança, estudou apenas até o segundo ano do ensino fundamental. O curto período nos bancos da escola, no entanto, foi suficiente para fazê-la tomar gosto pela escrita e pela leitura.
Em 1937, aos 33 anos e grávida, passou a viver na favela do Canindé, zona norte da capital paulista, e a se sustentar como catadora de papel. Sem largar de mão a literatura, aproveitava os cadernos usados que recolhia para registrar o cotidiano em que vivia. Foi assim que deixou uma obra literária atualmente reconhecida como de extrema relevância para a luta antirracista.
Seu primeiro e mais famoso livro, "Quarto de Despejo - Diário de Uma Favelada", foi publicado com o apoio do jornalista Audálio Dantas, em 1958, a partir das anotações que fazia em vinte cadernos.
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